É engraçado pensar como uma ideia simples que surge na sua cabeça em um dia aleatório pode se transformar em um negócio e alcançar, a princípio, mercados e pessoas inesperadas.
Tenho trabalhado com inovação corporativa há algum tempo e, um dia, enquanto trabalhava em uma consultoria global de inovação, fui responsável por conduzir um workshop sobre como adaptar um produto ou serviço para um mercado estrangeiro, neste caso, o português. Compartilhei estudos de caso do McDonald’s, pois são bastante bem-sucedidos em manter os elementos-chave de sua marca, mas acima de tudo, incorporam referências culturais no país em que operam para criar uma conexão local. Além disso, também era meu papel alertar os empreendedores sobre lacunas culturais e mal-entendidos linguísticos (mesmo que teoricamente falemos o mesmo idioma, em alguns casos, não é bem assim).
Foi uma experiência rica, não só para mim, mas certamente para o público composto majoritariamente por fundadores de startups brasileiras preparando-se para internacionalizar seus negócios.
Ironia das ironias, o gerente deste projeto era meu atual parceiro e fundador da I’m No Economist, Leo Torres. Sim, a vida é louca. Naquela época, éramos apenas colegas que admiravam o trabalho um do outro.
Embora eu pudesse escrever uma edição sobre como meu parceiro é um empreendedor e amigo inteligente, competente, curioso e incrível, o foco desta edição é o processo de internacionalização de negócios brasileiros. Talvez da próxima vez, Leo!
Voltando ao processo de internacionalização, isso tem acontecido cada vez mais a cada ano no mercado brasileiro. Não apenas de nossas startups locais, mas também para empresas estrangeiras que vêm expandir suas operações para este território.
Portanto, nesta edição do Beyond Carnaval, exploraremos os grandes números da internacionalização, considerando principalmente o Brasil e o caso de um unicórnio brasileiro que inspira empreendedores ao redor do mundo a apostar nessa estratégia.
Se você gostaria de explorar mais sobre o tema da internacionalização, recomendo: Beyond Carnaval: The Pursuit of Foreign Investments
Mapa da Internacionalização do Brasil
A IA me ajudou com a pesquisa
Por mais que os pessimistas possam pensar, não só o Brasil, mas o mundo em si nunca foi um lugar pacífico. E certamente ficará cada vez mais complexo. Uma pandemia. Uma guerra. Uma crise econômica. Uma eleição turbulenta. Sempre haverá algo acontecendo em algum lugar com potenciais efeitos globais. Se a instabilidade é uma constante, internacionalizar é, às vezes, sobre mitigar riscos, pois você não mantém “todos os seus ovos na mesma cesta”.
A internacionalização pode parecer direta, mas requer preparação estratégica. Várias empresas agora auxiliam aqueles que buscam entrar em novos mercados. É aí que entram os programas e empresas de soft landing. Esses programas e empresas especializadas oferecem suporte abrangente para startups e empresas de tecnologia estrangeiras que buscam estabelecer uma presença em novos mercados, fornecendo uma gama de serviços para navegar nas complexidades de estabelecer novas operações.
Nesse contexto de expansão, há uma falta de dados unificados sobre os esforços de internacionalização das empresas brasileiras – talvez um sinal de que deveríamos criá-los… No entanto, reunimos as seguintes informações:
O programa Sebrae Like a Boss envolveu aproximadamente 4.000 startups brasileiras buscando internacionalizar nos últimos quatro anos.
Um estudo da Fundação Dom Cabral, realizado com 140 empresas brasileiras, revelou que em 2023, 51% delas planejam lançar novas operações no exterior nos próximos dois anos, indicando uma tendência crescente em direção à internacionalização.
Destinos populares para expansão incluem:
– Estados Unidos: Cidades como Miami são alvos principais para startups brasileiras devido ao seu vasto tamanho de mercado, oportunidades de investimento e ecossistemas de inovação bem desenvolvidos.
– Canadá: Toronto é um destino relevante, oferecendo um ambiente favorável para o crescimento dos negócios.
– Portugal: Lisboa tornou-se popular devido à afinidade cultural, língua comum e incentivos governamentais para empresas estrangeiras.
– Alemanha: Berlim se destaca como um destino significativo na Europa.
– França: A França continua atraindo empresas internacionais, especialmente por seu forte ecossistema de startups.
– Argentina e Paraguai: São escolhas comuns para os esforços iniciais de internacionalização devido à sua proximidade geográfica e cultural com o Brasil.
Mais do que apenas Havaianas
Sim, temos mais do que apenas Havaianas nos representando mundialmente e nos Jogos Olímpicos de 2024 em Paris. É hora de mostrar o caso de internacionalização da Gympass, que passou por uma notável expansão internacional desde sua criação.
A Gympass, um dos seletos unicórnios no Brasil, com uma avaliação de $2,4 bilhões, foi fundada por Cesar Carvalho em 2012. A empresa foca em oferecer soluções corporativas de fitness e acesso a uma ampla rede de academias, estúdios e serviços de bem-estar.
Inicialmente operando como um modelo B2C no Brasil, a Gympass mudou para um modelo B2B2C, ganhando tração com seu primeiro grande cliente, a PwC. A empresa começou sua jornada internacional expandindo-se para o México, seguida pela Espanha, que serviu como um trampolim para uma maior expansão europeia.
No final de 2017, a Gympass fez uma entrada significativa no mercado dos Estados Unidos, capitalizando a robusta indústria de fitness de lá. A empresa continuou a crescer na América Latina, aproveitando seu sucesso no Brasil e no México.
Para apoiar esse rápido crescimento internacional, a Gympass investiu pesado em tecnologia e talento, planejando mais do que dobrar sua equipe de tecnologia até o final de 2019. Um componente-chave de sua estratégia foi expandir sua rede de academias acreditadas, que contava com mais de 47.000 em todo o mundo até 2019. Parcerias estratégicas com corporações multinacionais como PwC, Banco Santander, Unilever, Accenture, KPMG e McDonald’s impulsionaram ainda mais a expansão da Gympass, proporcionando acesso a uma base global de funcionários.
Apoiada por rodadas de investimento significativas totalizando $520 milhões em junho de 2021, a Gympass continuou a crescer, com planos futuros de consolidar sua presença nos Estados Unidos e explorar oportunidades na Ásia.
Como eu disse antes, não é engraçado pensar como uma ideia simples que surge na sua cabeça em um dia aleatório pode se transformar em um negócio e alcançar, a princípio, mercados e pessoas inesperadas?! Essa noção ressoa profundamente com a jornada de internacionalização de negócios, especialmente dentro do dinâmico mercado brasileiro.
Com um planejamento estratégico bem definido, negócios como a Gympass conseguiram navegar com sucesso pelas complexidades da expansão global, demonstrando o vasto potencial e as oportunidades dentro desse cenário.
À medida que a instabilidade permanece uma constante em nosso mundo, a busca pela internacionalização se destaca como um movimento estratégico para diversificar e mitigar riscos, provando que até as ideias mais simples podem se transformar em histórias de sucesso globais.
Artigo publicado na série Beyond Carnaval, no I’m No Economist. Um portal dedicado a decifrar o potencial do Mercado Brasileiro, oferecendo inteligência especializada e insights estratégicos sobre investimentos e inovação. Um projeto da labber Natália Vasconcellos, nossa Business Developer Europe, em parceria com Leonardo Torres, o site fornece em boletins, análises e perspectivas especializadas sobre as principais notícias e oportunidades de investimento no Brasil, com contribuições de convidados, tanto brasileiros, como internacionais.