Usabilidade x Intuitividade

Desde que a internet cruzou a fronteira do meio acadêmico para o meio comercial, ou seja, desde que ela é como a conhecemos hoje, intuitividade sempre foi considerada uma característica que mede a usabilidade dos sites. Quanto mais intuitiva a interface, maior a usabilidade do site, certo? Depende.

O nível de intuitividade de uma interface é o quão simples ela é para um usuário de primeira viagem. É a facilidade com que ele atinge um objetivo sem conhecimento prévio do funcionamento do sistema. Esse conceito até dispensa apresentações, já que o próprio nome sinaliza seu significado (pensando bem, intuitividade é um termo bastante intuitivo). Mas é importante lembrar o que ele não significa. Intuitividade não significa facilidade de uso. Não significa a melhor forma de se atingir um objetivo. Não significa a forma mais rápida ou a mais curta (ela normalmente não é). Isso é praticidade .

A praticidade sim é a medida de “quanto esforço” o usuário precisa para realizar uma ação. No desenvolvimento de softwares muitas vezes isso é medido calculando-se a distância que o usuário precisa mover o mouse para executar um comando. Daí surgiram os menus contextuais, aqueles que aparecem quando você clica o botão direito sobre alguma coisa. Falarei deles mais abaixo .

Intuitividade não significa facilidade de uso. Não significa a melhor forma de se atingir um objetivo. Não significa a forma mais rápida ou a mais curta.
Paulo Renato, CCO ActionLabs

Praticidade x Intuitividade

Para que a diferença fique bem clara, antes dos sites vamos utilizar um exemplo ainda mais familiar: os softwares de computador. Os menus de um software qualquer são (ou procuram ser) intuitivos, agrupando ações relacionadas em submenus. E os atalhos procuram ser práticos (apesar de alguns deles darem nós nos dedos)

No Windows, por exemplo, se você quer configurar uma impressora e não tem a menor idéia de como fazê-lo, você começa pelo menu Iniciar (é onde tudo começa), configurar (“configurar impressora”, deve ser por aqui), painel de controle (bom, é o mais parecido que tem), impressoras (achei! Eu sabia que era bom nisso). Isso é intuitivo, tem relativa obviedade. Mas não é nada prático. Prático seria ter um atalho (Ctrl+Alt+Shift+Socorro) que o levasse direto para lá. Mas um usuário desavisado nunca adivinharia o atalho. Nada intuitivo.

EEsses dois conceitos (Prático e Intuitivo) não são excludentes entre si, mas também não são totalmente compatíveis. Eles vão influenciar decisões no design de interação – no número de níveis de menu de um site, por exemplo. De maneira geral, menus mais horizontais (com muitas opções no primeiro nível) são mais práticos. Eles exigem menos cliques até o objetivo. Já menus verticais (com poucas opções, mas com muitos submenus) são mais intuitivos. Eles não confundem o usuário com muitas alternativas, e servem de “guia” a cada etapa da navegação.

Não há uma fórmula para tomar esse tipo de decisão (aliás, se há fórmula para alguma coisa nesse mundo eu ainda não conheço. Quer dizer, tem a da Coca…), mas alguns critérios devem ser levados em consideração.

Considere

A cultura do usuário
Para avaliar o que é realmente intuitivo, é necessário conhecer o seu usuário e a familiaridade que ele tem com a internet. Além disso é preciso estar sintonizado com as tendências de design, principalmente de websites mas também de todo tipo de comunicação (gráfica, eletrônica, produtos, etc..). É essencial conhecer a simbologia familiar do usuário.

A freqüência de uso da ferramenta
Em websites de uso freqüente a praticidade tende a ser mais importante do que a intuitividade. Um funcionário que consulte diariamente a intranet da empresa estará disposto a perder algum tempo lendo a “Ajuda” para aprender como chegar à informação rapidamente, mas não ficará nada satisfeito se tiver que passar por vários níveis de menu todos os dias (talvez várias vezes por dia).

A curva de aprendizagem dos usuários
Algumas vezes pode valer a pena “educar” o usuário, criando opções não tão intuitivas, mas muito mais práticas. Claro, deve-se lembrar que nesse caso o usuário deve ser freqüente (utilizar isso em sites de apenas uma visita seria muito risco), mas a curva de aprendizagem dos usuários de internet é surpreendente. Soluções que se mostram ineficientes em um teste de usabilidade com usuários que nunca utilizaram o site podem ser muito práticas no dia-a-dia dos maiores clientes (os usuários mais freqüentes).

Como em tudo em um projeto na internet, o equilíbrio entre a praticidade e a intuitividade deve ser dado considerando-se os objetivos da empresa e as demandas do usuário. O que queremos mostrar, e o que os usuários querem ver ou acessar. Tendo bem claros estes dois aspectos, as outras decisões do projeto são mais fáceis.

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